Sistema tributário progressivo: saiba o que é e como ele funciona!

Bonequinho sendo colocado em escada, em foto que ilustra post sobre sistema tributário progressivo. Reprodução: ndanko/Envato.
Explore a estrutura do sistema tributário progressivo e suas e implicações na justiça fiscal e redistribuição de renda no Brasil.

O sistema tributário progressivo é frequentemente discutido como uma abordagem eficaz para alcançar a equidade fiscal. 

Este modelo busca ajustar a carga tributária de acordo com a capacidade financeira de cada contribuinte, impondo taxas mais altas sobre aqueles que têm maior renda ou patrimônio.

A estrutura tributária de um país é um elemento que repercute diretamente em questões como desenvolvimento social, ambiente de negócios, qualidade e amplitude dos serviços públicos prestados à população.

A progressividade tributária, por sua vez, se reflete em alíquotas que aumentam proporcionalmente à base de cálculo, aplicando um princípio de justiça distributiva. Dessa forma, contribuintes com maior capacidade financeira contribuem de maneira mais robusta para o financiamento das atividades estatais.

Aqui vamos explorar detalhadamente o que caracteriza o sistema tributário progressivo, compará-lo com o sistema regressivo, analisar suas vantagens e desvantagens, e observar como esse modelo é implementado no Brasil.

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O que é o sistema tributário progressivo?

O sistema tributário progressivo é um modelo de imposição fiscal onde a alíquota de imposto aumenta à medida em que a base de cálculo — como renda ou patrimônio —, também aumenta. 

Este tipo de sistema é fundamentado no princípio da capacidade contributiva, que estabelece que aqueles com maior capacidade econômica devem contribuir proporcionalmente mais para os cofres públicos. 

A progressividade é aplicada de forma escalonada, ou seja, diferentes faixas de renda ou patrimônio são tributadas com diferentes alíquotas.

Como ele funciona na prática?

No contexto da renda, por exemplo, os contribuintes são divididos em categorias de acordo com seus ganhos anuais. Cada faixa de renda é sujeita a uma taxa específica que cresce conforme a renda aumenta. 

Uma pessoa com renda mais baixa paga uma alíquota menor ou pode até mesmo estar isenta, enquanto indivíduos de alta renda enfrentam alíquotas mais elevadas. 

Esse mecanismo visa não apenas arrecadar fundos para o Estado, mas também combater desigualdades econômicas, redistribuindo riqueza de modo que os impactos sociais da tributação sejam mais justos.

A progressividade pode também se aplicar a outros tributos, como o imposto sobre heranças e doações, onde alíquotas mais altas são cobradas sobre transferências de maior valor. 

Esse sistema é projetado para evitar a concentração excessiva de riqueza em poucas mãos e para promover uma distribuição mais equilibrada dos recursos dentro da sociedade, destinando uma fatia maior do orçamento público para prestações à sua parcela menos favorecida. 

A implementação de um sistema tributário progressivo requer uma estrutura administrativa robusta e eficiente, capaz de monitorar e avaliar com precisão as bases de cálculo e garantir que a arrecadação seja feita de forma justa e equitativa.

Qual é a diferença entre sistema tributário progressivo e regressivo?

A principal diferença entre os sistemas tributários progressivo e regressivo reside na forma como a carga tributária é distribuída entre os contribuintes de diferentes níveis de renda. No sistema tributário progressivo, como visto, a alíquota de imposto aumenta conforme a renda ou patrimônio do contribuinte cresce. 

Isso significa que indivíduos ou entidades com maior capacidade financeira pagam uma porcentagem maior de seus rendimentos ou ativos em impostos. 

Esse modelo é baseado no princípio da capacidade contributiva e busca garantir que os mais ricos contribuam de forma mais substancial, tendo como limitação o princípio do não confisco.

Por outro lado, no sistema tributário regressivo, a alíquota efetiva de imposto diminui à medida que a base de cálculo aumenta. Isso implica que pessoas de menor renda acabam pagando uma parcela proporcionalmente maior de seus rendimentos em impostos, em comparação com indivíduos de renda mais alta. 

A regressividade geralmente ocorre com impostos indiretos, como o imposto sobre consumo (ICMS), que é aplicado uniformemente a todos os consumidores, independentemente de sua renda. 

Como consequência, os impostos regressivos tendem a sobrecarregar mais os contribuintes de menor renda, pois uma maior parte de seus recursos é destinada ao pagamento de tributos, agravando a desigualdade econômica.

Uma forma de reduzir as distorções geradas por esse sistema é a aplicação do princípio da seletividade, pelo qual produtos considerados essenciais são isentos ou tributados com alíquotas menores que aqueles considerados supérfluos.

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Esses dois modelos tributários refletem abordagens distintas em termos de justiça fiscal e redistribuição de renda.

Enquanto o sistema progressivo visa reduzir as disparidades econômicas através de uma maior contribuição dos mais abastados, o sistema regressivo pode, inadvertidamente, aumentar essas disparidades, colocando uma carga desproporcionalmente alta sobre os menos favorecidos. 

Dessa forma, a escolha entre um sistema progressivo e regressivo deve ponderar sobre os objetivos de política fiscal e os impactos socioeconômicos desejados.

Quais são as vantagens?

De maneira intuitiva, é possível depreender que a progressividade tem maior consonância com a busca pela justiça fiscal, sendo suas principais vantagens:

  • Equidade social: promove a redistribuição de renda, reduzindo as desigualdades econômicas e sociais.
  • Capacidade contributiva: ajusta a carga tributária conforme a capacidade de pagamento dos contribuintes.
  • Justiça fiscal: contribui para um sistema tributário mais justo, onde os ricos contribuem mais para o financiamento de serviços públicos e programas sociais.

E as desvantagens?

Já as desvantagens da progressividade seriam:

  • Complexidade administrativa: requer uma gestão fiscal mais complexa e eficiente para a correta determinação das bases de cálculo e a aplicação das alíquotas progressivas.
  • Evasão fiscal: pode incentivar a evasão e a sonegação fiscal, especialmente entre os contribuintes de maior renda, que têm mais recursos para explorar brechas legais. Com isso, são necessários maiores esforços na fiscalização tributária
  • Retração de investimentos: em alguns casos, altas taxas marginais podem desincentivar o investimento e a inovação, afetando negativamente o crescimento econômico e o ambiente de negócios.

Qual é o modelo adotado no Brasil?

No Brasil, o sistema tributário apresenta características de progressividade, especialmente no imposto de renda. O imposto de renda das pessoas físicas (IRPF) tem alíquotas que variam de 7,5% a 27,5%, dependendo da faixa de renda do contribuinte. 

Na Constituição Brasileira consta expressamente do princípio da capacidade contributiva, que orienta a progressividade do sistema tributário. 

No entanto, o sistema tributário brasileiro também é conhecido por sua complexidade e pela elevada carga de impostos indiretos, que tendem a ser regressivos e impactar mais severamente as classes de menor renda .

Conclusão

O sistema tributário progressivo é uma ferramenta importante para promover a justiça fiscal e o desenvolvimento social. 

Apesar de suas vantagens significativas, como a redistribuição de renda e a promoção de um sistema fiscal mais justo, ele também enfrenta desafios consideráveis, incluindo a complexidade administrativa e incremento do risco de evasão fiscal. 

No Brasil, embora haja elementos que amparem o sistema tributário progressivo, a predominância de impostos indiretos ainda impõe uma carga maior sobre as classes de menor renda, sendo esse um dos maiores desafios da regulamentação da Reforma Tributária recentemente aprovada.

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