Lei 13.303: tudo o que você precisa saber sobre a Lei das Estatais!

Pessoas trabalhando, em foto que ilustra post sobre a Lei 13.303. Foto: dekddui1405/Envato.
Saiba o papel da Lei 13.303/2016 para a transparência e eficiência nas estatais e como ela impacta as licitações nas empresas públicas.

Conhecida como Lei das Estatais, a Lei nº 13.303 de 2016 foi criada como uma resposta direta a um período de intensas denúncias de corrupção e má gestão nas estatais brasileiras. 

A lei abrange diversos aspectos da gestão das estatais, incluindo diretrizes para a governança corporativa, regras rigorosas para os processos de licitação e contratação e a implementação de programas de compliance e gestão de riscos.

Por meio de diretrizes claras e exigências detalhadas, a Lei 13.303/2016 busca promover uma gestão responsável, minimizando riscos e garantindo que os recursos públicos sejam utilizados de forma adequada e em benefício da sociedade.

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O que é a Lei 13.303/2016?

A Lei das Estatais representa um novo modelo de gestão para as empresas públicas e sociedades de economia mista, com a exigência de práticas robustas de compliance, incluindo a criação de programas de integridade para prevenir e combater a corrupção e fraudes internas.

Entre as principais inovações trazidas pela lei estão os requisitos para a nomeação e a atuação dos membros dos conselhos de administração e diretoria, que devem atender a critérios específicos de qualificação e experiência profissional. 

A lei também institui a obrigatoriedade da criação de comitês internos, como os de auditoria e risco, destinados a fortalecer o controle interno e a supervisão das atividades empresariais.

No âmbito das licitações e contratos, a Lei 13.303/2016 introduz um regime próprio para as estatais, permitindo maior flexibilidade em comparação com a Lei de Licitações (Lei 14.133/2021), sem abrir mão da transparência e da competitividade. 

São definidos novos procedimentos para a contratação de bens e serviços, com modalidades específicas de licitação e critérios de julgamento que buscam otimizar a relação custo-benefício.

Além disso, a lei enfatiza a necessidade de planejamento estratégico e prestação de contas, obrigando as estatais a divulgarem informações detalhadas sobre suas operações e resultados financeiros.

Por que a Lei 13.303/2016 foi criada?

A pressão da sociedade por mais transparência, eficiência e integridade na gestão de empresas públicas foi um catalisador importante para a formulação da Lei 13.303/2016, no sentido de coibir práticas ilícitas e melhorar a governança nas estatais.

Diante desse cenário, a Lei das Estatais foi concebida com vários objetivos claros, como a criação de comitês internos de auditoria e risco, o que visa assegurar um controle eficaz e independente.

A lei impõe ainda a obrigação de transparência em todas as etapas dos processos de licitação e contratação, incluindo a divulgação de informações detalhadas sobre os contratos firmados no Diário Oficial e os critérios utilizados nas licitações.

Implementar programas de compliance é mandatório, abrangendo políticas de prevenção, detecção e resposta a atos de corrupção e fraudes. Isso inclui a criação de canais de denúncia e mecanismos para a gestão de riscos.

Para que serve a Lei 13.303/2016?

A Lei das Estatais serve para assegurar que as empresas públicas e sociedades de economia mista operem com altos padrões de governança corporativa e integridade. 

Ela foi projetada para enfrentar os desafios específicos dessas entidades, promovendo uma série de reformas estruturais que visam aprimorar a gestão e minimizar os riscos de corrupção e má administração. 

A lei também enfatiza a importância do planejamento estratégico para assegurar a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo das estatais.

As empresas devem elaborar planos de negócios e estratégias de longo prazo que orientem suas operações e investimentos, alinhados aos objetivos e interesses públicos. É importante registrar que essas empresas prestam serviços públicos relevantes, a exemplo da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

O planejamento estratégico abrange a definição de metas e indicadores de desempenho, a avaliação periódica dos resultados alcançados e a adoção de medidas corretivas quando necessário.

Quais são os principais pontos da Lei 13.303/2016?

Destacam-se entre os principais pontos da Lei das Estatais:

Governança corporativa

A lei estabelece a necessidade de boas práticas de governança corporativa, incluindo:

  • Nomeação de dirigentes: requisitos mínimos de qualificação e experiência para os membros dos conselhos de administração e diretores;
  • Comitês internos: criação de comitês estatutários, como os de auditoria e de riscos;
  • Transparência: requisitos de divulgação de informações relevantes para os acionistas e para o público em geral.

Licitações e contratos

A Lei 13.303/2016 traz uma nova sistemática para licitações e contratos nas estatais, incluindo:

  • Modalidades de licitação: introdução de novas modalidades, como a licitação simplificada para valores inferiores a um determinado teto;
  • Critérios de julgamento: definição clara de critérios objetivos para a seleção de propostas, priorizando o menor preço, a técnica e o preço, ou a melhor técnica;
  • Contratos: regulamentação de cláusulas essenciais nos contratos, visando maior segurança jurídica e eficiência nas contratações.

Compliance e gestão de riscos

A lei exige que as estatais implementem programas de integridade, gestão de riscos e controle interno:

  • Programas de compliance: necessidade de políticas de conformidade que previnam, detectem e respondam a atos de corrupção e fraudes;
  • Gestão de riscos: estabelecimento de processos de identificação, avaliação e mitigação de riscos operacionais e estratégicos.

Planejamento e transparência

A Lei das Estatais também enfatiza a importância do planejamento estratégico e da transparência:

  • Planejamento estratégico: as estatais devem elaborar planos de longo prazo que orientem suas operações e investimentos;
  • Prestação de contas: obrigatoriedade de relatórios periódicos sobre a execução dos planos e a gestão dos recursos.

O que a Lei 13.303/2016 muda em termos de compras públicas?

A Lei 13.303/2016 introduz mudanças substanciais nas compras governamentais realizadas por empresas estatais, buscando maior eficiência e transparência nos processos licitatórios e contratuais.

Nova sistemática de licitação

A lei estabelece novas modalidades de licitação, adaptadas às peculiaridades das estatais, como a “licitação simplificada” para contratações de menor valor. Isso permite uma maior agilidade nos processos sem comprometer a transparência e a competitividade.

Critérios de julgamento

Os critérios de julgamento das propostas foram redefinidos para assegurar que as contratações atendam ao interesse público da forma mais eficiente possível. A ênfase está na seleção de propostas que combinem qualidade e custo-benefício.

Publicidade e transparência

Há uma exigência rigorosa de publicidade dos processos licitatórios e dos contratos firmados. Todas as etapas dos processos, desde a abertura das licitações até a execução dos contratos, devem ser divulgadas de maneira acessível ao público, aumentando a transparência e possibilitando o controle social.

Gestão de contratos

A lei também estabelece diretrizes claras para a gestão e fiscalização dos contratos, garantindo que sejam cumpridos de acordo com os termos acordados. Isso inclui a necessidade de mecanismos de controle interno e auditoria.

Compliance nas compras públicas

A implementação de programas de compliance é impositiva, o que inclui a adoção de práticas que previnam fraudes e atos de corrupção nos processos de compra. As empresas estatais devem criar estruturas de integridade robustas, incluindo canais de denúncia e políticas de resposta a irregularidades.

Conclusão

A Lei nº 13.303/2016 pode ser entendida como uma guinada na regulação das empresas estatais no Brasil, estabelecendo normas que visam aumentar a eficiência, a transparência e a integridade dessas instituições. 

Ao impor padrões rigorosos de governança corporativa, compliance e processos licitatórios, a lei busca assegurar que as estatais operem em consonância com os princípios da administração pública no Brasil e os interesses da sociedade. 

Seu impacto é significativo, trazendo maior responsabilidade e controle sobre a gestão das empresas públicas e sociedades de economia mista, contribuindo para a construção de um ambiente de negócios mais ético e transparente.

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