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ToggleA contribuição humana para as mudanças climáticas, especialmente através da liberação de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, começou a se intensificar durante a Revolução Industrial, a partir de meados do século XIX.
A queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural para alimentar máquinas, transporte e, mais tarde, indústrias, liberou grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. Esse aumento na concentração de gases de efeito estufa tem sido associado ao aquecimento global e às mudanças climáticas que observamos hoje.
Na luta contra essas mudanças, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foca na necessidade da adoção de medidas urgentes para eliminar as mudanças climáticas que afetam todos os países do mundo.
Neste post, você vai entender melhor como as mudanças climáticas afetam os municípios e as ações que podem ser adotadas no enfrentamento a essas mudanças.
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O que são as mudanças climáticas?
As mudanças climáticas são as alterações nos padrões médios de temperatura, clima, precipitação, vento e outros aspectos relacionados ao clima e ao tempo, de longo prazo, que afetam aspectos da vida da população mundial. É resultante do aumento da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
Como as mudanças climáticas afetam os municípios
Em algumas regiões, eventos climáticos extremos e chuvas estão se tornando mais comuns, enquanto outras estão enfrentando ondas de calor e secas mais extremas, cujas consequências impactam muitos aspectos diferentes de nossas vidas. Abaixo, há uma lista das principais consequências das mudanças climáticas:
Aumento de eventos extremos
Com a falta de precipitação e mais evaporação, devido às altas temperaturas, muitas regiões já estão enfrentando secas mais frequentes, severas e duradouras.
No Brasil, os eventos de seca e inundações têm acontecido com frequência, desencadeando efeitos com impactos na agricultura, aumento de doenças, incêndios florestais e queimadas em áreas desmatadas, além do aumento da frequência de inundações em várias regiões.
Efeitos na saúde pública e infraestrutura urbana
Os impactos das mudanças climáticas na saúde pública são diretos e indiretos. O aumento das temperaturas contribui para doenças relacionadas ao calor e agrava as condições de saúde existentes, podendo levar à propagação de doenças transmitidas pela água e aumentar o predomínio de doenças transmitidas por vetores, como malária.
Esse aumento das temperaturas também pode causar danos à infraestrutura urbana devido aos eventos de calor extremo. O resultado pode ser rachaduras em estradas e pontes. Além disso, as ondas de calor podem danificar a infraestrutura elétrica.
Consequências econômicas e sociais
À medida que a temperatura média global aumenta, vários setores são afetados negativamente, como agricultura, energia e trabalho, e milhões de pessoas (principalmente as mais vulneráveis) enfrentam desafios relacionados a eventos extremos; segurança alimentar, hídrica e de subsistência; e outros riscos relacionados.
Em algumas regiões, o aumento das temperaturas também causa ventos e chuvas mais fortes, podendo afetar a produtividade dos trabalhadores e o rendimento das colheitas, impactando diretamente na economia e na saúde e bem-estar da população.
Ações que os municípios podem adotar para enfrentar as mudanças climáticas
A intensidade e frequência crescentes de eventos climáticos extremos no Brasil demanda estratégias eficazes para reduzir impactos no futuro e aumentar a resiliência dos sistemas humanos, naturais e produtivos.
Os municípios têm um importante papel na luta contra as mudanças climáticas, podendo tomar algumas ações para esse enfrentamento, como:
Planos de adaptação e mitigação climática
A ciência já fornece evidências suficientes para impulsionar ações concretas para adaptação e mitigação do aquecimento global. Em se tratando de medidas de adaptação, há várias ações que ajudam a reduzir a vulnerabilidade às consequências das mudanças climáticas, como:
- Restauração da paisagem (paisagem natural) e reflorestamento;
- Cultivo flexível e diversificado;
- Pesquisa e desenvolvimento sobre possíveis catástrofes, comportamento da temperatura, entre outras;
- Medidas preventivas e de precaução (planos de evacuação, fiscalização, problemas de saúde, etc.);
Algumas medidas de mitigação que podem ser tomadas para evitar o aumento das emissões de poluentes são:
- Elaborar políticas regulatórias que colaborem para a preservação ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais;
- Praticar a eficiência energética;
- Fazer maior uso de energia renovável;
- Implementar e incentivar meios de transporte eficientes e sustentáveis, como transporte público elétrico, bicicleta e carros compartilhados.
Gestão de recursos hídricos e preservação de áreas verdes
Espaços verdes ajudam a reduzir e capturar emissões de carbono, retardam o escoamento de águas pluviais, aumentando a infiltração de água, e contribuem para a diminuição das temperaturas do ar.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), zonas úmidas, como manguezais e pântanos, são sumidouros de carbono altamente eficazes, que absorvem e armazenam CO₂, ajudando a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e servindo para abrandar eventos climáticos extremos.
Educação ambiental e engajamento comunitário
Devido à forte conexão das comunidades locais com seu ambiente, seu empoderamento lhes posicionam como parceiras indispensáveis nos esforços de conservação e do meio ambiente.
Envolver as comunidades em programas de educação ambiental, em iniciativas de plantio de árvores e limpeza florestal, por exemplo, promove um senso de propriedade e também garante a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo.
Exemplos de boas práticas de combate às mudanças climáticas em municípios
Com o conhecimento das medidas necessárias para vencer a luta contra as mudanças climáticas, já é possível ver o caso de cidades que vêm se destacando em sustentabilidade e resiliência.
Cidades resilientes: casos de sucesso no Brasil e no mundo
O Índice de Cidades Resilientes desenvolvido pela revista The Economist e patrocinado pelo Tokio Marine Group, publicado em 2023, mostrou que entre 25 cidades, Nova Iorque ocupa a 1ª posição como a cidade mais resiliente do mundo. Los Angeles ocupa a 2ª posição e a única cidade brasileira da lista, São Paulo, ocupa a 17ª posição.
Nova Iorque
Com as passagens do furacão Sandy, em 2012, e da tempestade Ida, em 2021, Nova Iorque presenciou as ameaças da mudança climática para a cidade.
Em 2021, Nova Iorque começou a executar o Projeto de Resiliência Costeira do Lado Leste (ESCR), em Manhattan, estabelecendo um novo padrão para proteger os bairros costeiros dos efeitos de tempestades violentas e inundações regulares causadas pela elevação do nível do mar.
O projeto integra componentes de resiliência, como comportas e muros de contenção de enchentes, com recursos, como passarelas para pedestres, conectividade de vias verdes e caminhos elevados. Em 2022, o ESCR recebeu a Verificação WEDG® (Waterfront Edge Design Guidelines) por sua abordagem inovadora para um design resiliente, sustentável e acessível.
São Paulo
Em 2021, a capital paulista passou a integrar a iniciativa “Municípios Paulistas Resilientes”, lançada pelo estado de São Paulo. O projeto engloba 13 cidades de São Paulo e toda a Baixada Santista com a proposta de oferecer capacitações aos municípios para a criação de seus planos de adaptação climática.
O projeto também pretende usar a rede de dados estadual para facilitar o entendimento sobre as vulnerabilidades climáticas, especialmente referentes a eventos extremos, como temperatura e chuva.
Parcerias intermunicipais e com ONGs
Os municípios podem criar parcerias com outros municípios e ONGs para atuar na adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
A criação de programas de ação bilaterais, por exemplo, podem descrever tanto os objetivos globais como as medidas concretas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas em várias áreas de atuação.
Já uma ONG ambiental afeta a política ambiental, a capacidade institucional e a interação com a sociedade civil ao permitir estilos de vida mais sustentáveis.
Desafios e oportunidades para os municípios na luta contra as mudanças climáticas
Os municípios estão enfrentando desafios substanciais relacionados às mudanças climáticas, mas têm ferramentas à disposição para aproveitar as oportunidades que as mudanças climáticas apresentam. Aqui estão alguns exemplos.
Barreiras financeiras e técnicas
Segundo o Estudo Emergência Climática 2024, que ouviu gestores de mais de 3,6 mil cidades brasileiras, somente 22% deles consideram que seus municípios estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas. Eles também apontaram a falta de capacidade técnica e financeira como as principais razões para essa falta de preparo.
A pesquisa também revelou que 68% dos municípios nunca receberam recursos de estados ou do governo federal para atuar na adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
Oportunidades de financiamento e inovação tecnológica
O financiamento do clima – provisão de recursos para a promoção de projetos de mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima – e a inovação tecnológica são formas eficientes de abordar as questões relacionadas às mudanças climáticas e promover a sustentabilidade.
A redução do uso de papel, por exemplo, com a implementação da informatização de processos, é uma prática sustentável, que ajuda a reduzir as emissões de poluentes.
O estudo Net Zero até 2050 – Um Roteiro para o Setor Global de Energia, publicado em 2021, pela Agência Internacional de Energia (IEA), observou que a descarbonização necessária até 2030 pode ser alcançada com o uso de tecnologias já existentes.
Alcançar o Net Zero-2050 – meta definida pelo Acordo de Paris para o mundo chegar em 2050 com emissões zero de gases do efeito estufa – requer a implantação imediata e consistente de todas as tecnologias de energia limpa disponíveis.
Importância do planejamento integrado e de longo prazo
O planejamento integrado de ações climáticas é fundamental para a construção de cidades justas e sustentáveis.
As cidades podem incentivar a colaboração entre diversos setores e espaços institucionais, integrando as metas climáticas em todas as principais tomadas de decisão, em busca de um planejamento estratégico quanto ao uso do solo e em termos de orçamento.
Conclusão
Na luta contra as mudanças climáticas, é essencial que os gestores municipais possam contar com a colaboração da população, que poderá contribuir a partir da sua conscientização da urgência de tomar atitudes mais sustentáveis para salvar o planeta.
No serviço público, isso pode ser feito com a redução do uso de papel a partir da adoção da digitalização de documentos.
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