Sistema tributário brasileiro: entenda como funciona a arrecadação no país

Moedas ilustrando post sobre sistema tributário brasileiro. Foto: FabrikaPhoto/Envato.
Sistema tributário brasileiro: entenda a estrutura e as mudanças esperadas com a reforma tributária, que promete simplificação e justiça fiscal.

O Sistema Tributário Brasileiro é uma das estruturas mais complexas e extensas do país, composto por um conjunto de normas e princípios que regulam a tributação, desde a arrecadação até a distribuição de receitas entre os diversos entes federativos. 

A base desse sistema está delineada na Constituição Federal de 1988, que versa sobre tributação e orçamento. Aqui exploraremos a fundo os diferentes aspectos que compõem o sistema tributário nacional, incluindo suas características, princípios e as competências atribuídas aos diferentes níveis de governo.

Sem tempo para ler agora?

Baixe esta matéria em PDF!

Como funciona o sistema tributário brasileiro?

A base do sistema tributário brasileiro está delineada na Constituição Federal de 1988, notadamente nos artigos 145 a 169, que versam sobre tributação e orçamento. A Constituição Financeira, que engloba o sistema tributário, compreende três subsistemas principais: o subsistema tributário, o subsistema financeiro e o subsistema orçamentário.

O subsistema tributário, em particular, abrange uma vasta gama de impostos, taxas e contribuições que incidem sobre diversas atividades econômicas e propriedades, visando garantir a arrecadação necessária para o funcionamento do Estado e a prestação de serviços públicos essenciais, bem como o atingimento das metas fiscais.

O sistema é regido pelos princípios da legalidade, isonomia e capacidade contributiva, assegurando que a tributação seja realizada de maneira equitativa e conforme a capacidade econômica de cada contribuinte​

O sistema tributário brasileiro é estruturado de maneira a organizar e distribuir as competências de tributação entre os diferentes níveis de governo: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 

Esta organização visa evitar conflitos e sobreposições, assegurando que cada ente federativo tenha clareza sobre a sua esfera de atuação tributária, o que visa garantir eficiência e justiça na arrecadação de tributos.

Competência Tributária

A competência tributária é o poder atribuído pela Constituição Federal a cada ente federativo para instituir, arrecadar e fiscalizar tributos. No Brasil, essa competência é minuciosamente detalhada nos artigos 145 a 162 da Constituição, que especificam quais tributos cada nível de governo pode instituir. 

Princípios constitucionais

O sistema tributário brasileiro é regido por diversos princípios constitucionais que garantem sua higidez e equidade. 

Entre os mais importantes estão o princípio da legalidade, que determina que nenhum tributo será instituído ou aumentado sem lei que o estabeleça; o princípio da isonomia, que garante tratamento igualitário a todos os contribuintes em situações equivalentes; e o princípio da capacidade contributiva, que assegura que os tributos devem ser cobrados de acordo com a capacidade econômica de cada indivíduo ou empresa. 

Outro princípio relevante é o da anterioridade, que proíbe que tributos sejam cobrados no mesmo exercício financeiro em que foram instituídos ou aumentados, salvo exceções previstas na própria Constituição.

Repartição de receitas

A repartição de receitas é um mecanismo fundamental no sistema tributário brasileiro, garantindo que os recursos arrecadados sejam distribuídos entre os entes federativos de maneira a assegurar a capacidade financeira de cada um para cumprir suas funções. 

Parte dos impostos arrecadados pela União é distribuída aos estados e municípios por meio de fundos de participação, como o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM)

Esse processo de repartição visa reduzir desigualdades regionais e promover um desenvolvimento equilibrado em todo o território nacional.

Administração tributária

A administração tributária é responsável pela gestão do sistema tributário, incluindo a arrecadação, fiscalização, combate à evasão fiscal e cobrança dos tributos. Cada ente federativo possui sua própria administração tributária, que atua de acordo com suas competências constitucionais.

A Receita Federal do Brasil, por exemplo, é responsável pela administração dos tributos federais, enquanto as secretarias estaduais e municipais de fazenda cuidam dos tributos de sua competência. 

O sistema tributário brasileiro, apesar de sua complexidade, busca garantir uma arrecadação justa e eficiente, bem como promover a equidade e a justiça fiscal

A constante evolução e reforma desse sistema são necessárias para adaptá-lo às mudanças econômicas e sociais, garantindo seu papel fundamental no desenvolvimento do país.

Quais os tipos de tributos no Brasil?

No sistema brasileiro, os tributos são classificados em três categorias principais: impostos, taxas e contribuições. 

As taxas são exigidas pelo Estado em virtude do exercício do poder de polícia ou para financiar serviços públicos específicos e divisíveis, que são prestados ou disponibilizados ao contribuinte.

As contribuições têm por objetivo o financiamento de atividades específicas do Estado, como a seguridade social, a intervenção no domínio econômico e os interesses de categorias profissionais ou econômicas.

Os impostos são tributos cuja obrigação tem como fato gerador uma situação independente, um fato da vida do contribuinte, tendo sua origem comum nas manifestações de riqueza. Confira abaixo os principais e as respectivas hipóteses de incidência.

Impostos federais

Os impostos federais são instituídos e administrados pela União, e incluem:

  • Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR): incide sobre a renda e os ganhos de capital das pessoas físicas e jurídicas.
  • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): aplicado sobre produtos industrializados, nacionais ou importados.
  • Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros (II): cobrado sobre a entrada de produtos estrangeiros no país.
  • Imposto sobre Exportação de Produtos Nacionais ou Nacionalizados (IE): Incide sobre a saída de produtos nacionais ou nacionalizados para o exterior.
  • Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF): cobrado sobre operações financeiras.
  • Imposto Territorial Rural (ITR): incide sobre a propriedade rural.
  • Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF): constando de modo expresso na Constituição Federal, ainda não regulamentado.

Impostos estaduais

Os impostos estaduais são administrados pelos Estados e pelo Distrito Federal, e incluem:

  • Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): incide sobre a circulação de mercadorias e a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
  • Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA): cobrado anualmente com alíquota entre 1 e 4% do valor do veículo, tem metade de sua arrecadação destinada aos municípios em que esses automóveis foram emplacados.
  • Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD): incide sobre a transmissão de bens por herança ou doação.

Impostos Municipais

Os impostos municipais são instituídos e administrados pelos Municípios, e incluem:

  • Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU): incide sobre a propriedade predial e territorial urbana.
  • Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS): cobrado sobre a prestação de serviços.
  • Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI): aplica-se à transferência de propriedade de bens imóveis entre pessoas vivas, realizada de forma onerosa, independentemente do título..

Quais serão as principais mudanças da reforma tributária?

A reforma tributária recentemente promulgada visa simplificar e modernizar o sistema atual, reduzindo a complexidade e aumentando a eficiência econômica. 

Entre as principais mudanças, destaca-se a substituição de diversos tributos existentes por um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Esse imposto vem para unificar tributos federais como o IPI, PIS e Cofins, estaduais como o ICMS, e municipais como o ISS, criando um sistema mais uniforme e menos sujeito a sobreposições.

Outra mudança significativa é a adoção do princípio do destino para a arrecadação de impostos sobre o consumo, onde o imposto é cobrado no local de consumo do bem ou serviço, e não na origem. 

Isso visa corrigir distorções e equilibrar a arrecadação entre diferentes regiões do país. A reforma inclui mecanismos para reduzir a cumulatividade dos tributos, o que deve diminuir o impacto sobre os preços finais e beneficiar os consumidores. 

A reforma também introduz um cashback para consumidores de baixa renda sobre a cesta básica, buscando tornar o sistema mais justo e equitativo .

Por fim, a reforma prevê um período de transição para a implementação das novas regras, com ajustes graduais para minimizar os impactos nos estados e sobre a arrecadação municipal. Durante esse período, haverá um fundo de compensação para garantir que nenhuma unidade federativa perca receita de forma abrupta. 

Conclusão

O sistema tributário brasileiro, embora complexo, é estruturado para promover uma arrecadação justa e eficiente, sustentando a máquina pública e assegurando a prestação de serviços essenciais. 

A divisão de competências entre União, Estados e Municípios evita conflitos, enquanto os princípios constitucionais garantem a equidade e legalidade na tributação. Há ainda o advento da Reforma Tributária, que trouxe alterações relevantes que serão implementadas nos próximos anos.  

Quer ampliar seus conhecimentos sobre a gestão pública? Faça o download gratuito do nosso e-book sobre a relação entre a gestão de recursos e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

COMPARTILHAR

Assine nossa newsletter para receber conteúdos exclusivos e recorrentes sobre transformação digital e tecnologia

Ao assinar a newsletter, declaro que conheço a Política de Privacidade e autorizo a utilização das minhas informações pela 1Doc.

Artigos Relacionados

Mais de

Assine nossa newsletter para receber conteúdos exclusivos e recorrentes sobre transformação digital e tecnologia